É tão raro, nos tempos que correm, encontrar pessoas a pensar de forma séria, honesta e independente, de jogos de interesses, que não resisto em reproduzir, parte, de um texto do jornalista Henrique Monteiro, que encontrei no Expresso on-line.
“Pois bem, nem me vou dar ao trabalho de recordar -
ando há muitos anos nisto - as vezes que o Dr. Mário Soares, que tanto
acompanhei como jornalista (e que não esqueço o que o país lhe deve), disse
uma coisa e o seu contrário. Seria demasiado fácil.
Deixem-me apenas centrar a questão noutro ponto (não
esquecendo o mal que Portas fez ao jornalismo político ao introduzir-lhe um
estilo ligeiro, superficial e militante):
Alguém, nos tempos que correm, pode navegar sem ser à
vista? Alguém pode jurar não ter se de desdizer? Alguém podia prever,
com rigor, o que se passou nos últimos anos? Nos últimos meses? Nas últimas
semanas?
Sejamos sérios. Não podemos continuar a comentar a
política como se nada se passasse e vivêssemos uma situação normal. Toda
a gente disse e dirá uma coisa hoje e outra amanhã. Quantos disseram, em 2009,
ao lado de Sócrates, que a crise tinha passado? Quantos disseram em 2011, ao
lado de Passos, que a crise tinha uma solução fácil?
Será muito pedir às pessoas com responsabilidades que
reflitam bem no que dizem? E que se deixem de demagogias baratas, centrando-se
na busca de soluções? Ninguém sabe ao certo o que temos pela frente,
ninguém ao certo sabe onde está a saída, ninguém ao certo sabe os danos que vai
causar. Negar isto e continuar como se nada fosse é apenas disfarçar esta
fraqueza que é comum a todos os políticos e comentadores. “
Twitter: @HenriquMonteiro https://twitter.com/HenriquMonteiro
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