O antigo líder do CDS-PP, Adriano
Moreira, mostra-se indignado com a ligeireza com que se mata o Estado Social,
esquecendo valores e princípios. Em entrevista à TVI24, o professor
universitário diz que Portugal vive num tempo de neoliberalismo repressivo.
O
equilíbrio das contas num país é sempre doloroso, mas Adriano Moreira esperava
que na balança da governação as pessoas tivessem um peso maior.
O antigo líder
do CDS-PP critica «o constante atacar ou contrariar o convívio entre velhos e
novos, empregados públicos e empregados privados, como se o pluralismo, que
Portugal também tem, não tivesse um cimento que é a comunidade de afetos»
A
responsabilidade, diz Adriano Moreira, é do Governo. «Pessoas que a grande
parte delas só puderam adquirir a sua formação académica porque tínhamos Estado
Social, que era alimentado pelos pagamentos dos que hoje são velhos», sublinha.
A
poucos dias de completar 92 anos, o professor universitário não se conforma com
a ligeireza com que se tem tratado o Estado Social: «Querem acabar com o Estado
Social. A resposta: não há dinheiro. E a segunda pergunta: e princípios?»
Por
estas e por outras, diz Adriano Moreira, as populações afastaram-se da
governação em Portugal, como no resto da Europa, porque cá e lá faltam
lideranças capazes de fazer esquecer as dificuldades.
«Já não chega a opressão
do corte de pensões, de salários, etc. É que cada vez são mais severas as
punições pecuniárias.
É isto que eu chamo o neoliberalismo repressivo, porque
aquilo que não pode vir dos impostos, vem do aumento das multas, vem do aumento
dos preços de consumo das coisas», critica.
Na mesma entrevista à TVI24,
Adriano Moreira mostra-se preocupado com a paz na Europa e o projeto europeu,
ambos em risco de ruir. «Esse tem sido, a meu ver, o principal erro. É que o
credo mercado está a substituir o credo dos valores», alerta.
Inconformado com
o facto do programa de Governo se resumir praticamente ao Orçamento do Estado,
Adriano Moreira aponta para o futuro próximo do país duas janelas de liberdade:
a CPLP e a plataforma continental.
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